Na última quinta-feira, dia 01 de abril (e não é mentira, quem dera que fosse), um garoto de 20 anos subia as escadas para atravessar o viaduto de um bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, quando foi parado por um cara lhe perguntando se ele ia pagar a passagem em dinheiro, para poder, ao invés disso, passar seu Rio Card. O garoto já estava acostumado com esse pedido, pois sempre lhe perguntavam o mesmo quando ele ia pegar o trem para ir pra faculdade. "Vai pegar qual ônibus? Onde vc mora?", o cara perguntou. "Campo Grande", o garoto respondeu - não era verdade, mas por que ele ia dizer onde morava a um desconhecido? De qualquer forma, o ônibus que o garoto pegaria, que o deixaria em casa, também iria para Campo Grande.
Tudo normal até aqui, não é? Até que o cara diz.. "Não sei se já te falaram como é o esquema. Já te falaram?" O garoto, sem entender, diz que não. Então o cara continua: "Eu tô armado, e logo atrás de mim também tem um cara armado. Vc mora em Campo Grande, não é? Pois é, nós somos do ***, facção rival às de lá. Essa área aqui é nossa. Nós vamos ter que te matar!" O garoto gelou na hora, milhões de coisas passaram por sua cabeça (sua família, seus amigos...). Tudo que conseguiu fazer foi andar alguns passos, até que ouviu o cara dizer "Não corre não que é pior. Leva bala na hora, e ninguém vai poder fazer nada, pq é a gente que manda aqui." Isso fez o garoto paralisar. "mas eu não sou de Campo Gande, sou de ******** ", o garoto disse. "Não quero saber, vai passando dinheiro, celular.." Do bolso, só sairiam algumas moedas, o dinheiro trocado para a passagem de ônibus. "Não quero esse dinheiro aí não, passa logo a carteira." Disse ele, pedindo também para ir andando, descendo as escadas (eles já estavam do outro lado do viaduto). Ao terminar de descer, o cara já foi logo mandando o estudante abrir a mochila. "Não tem nada demais. Não TENHO nada demais. Só o material da faculdade", disse o garoto. "Ah, vc faz faculdade?" - "Sim, sou bolsista. Não tenho grana. Só tem material de aula aqui", disse o garoto, tirando apostilas da mochila. "Guarda isso, disfarça. Não quero ver isso não. Porra, esse pessoal que vem de fora, chega aqui pensando que pode fazer qualquer coisa. Tudo bem, tem gente que é 'trabalhador', mas vc estuda, né? (...) Aí eu tenho que dar um basta nisso.." O garoto, em choque, só conseguia fazer que concordava com o cara, quando na verdade queria estar longe. "Deixa eu ver essa carteira". Aparentemente, uma média de 7 reais. O cara pegou e revistou a carteira. Uma nota de 5 reais estava na divisória de cartões da carteira do garoto, ele havia colocado ali pq tava guardando para comprar um presente para a prima, em seu aniversário de 15 anos. E não era a única nota lá. "Escondendo dinheiro? Tá vendo? Tô aqui tentando agilizar, e você faz isso?" - "Ah porra, como eu ia advinhar que ia ser assaltado, seu filho da puta?!" (Não, o garoto não disse isso, mas era sua vontade). Na carteira agora, apenas as moedas. Muitas moedas. Agora, nenhuma mais. Depois de fazer o garoto mostrar o que tinha em todos os bolsos, o cara insiste: "Agora passa o celular!" - "Não tenho, cara!" o garoto disse. "Ah, tá bom.. Até parece que vc não tem um aparelho escondido aí." - "Não tenho, eu te juro!" - "É? E se eu achar, o que eu posso fazer com vc?" - "Cara, eu tô falando sério. Não tenho nenhum celular. Pode olhar!" - "Vc quer que eu acredite q vc não tem celular?" - "Eu até tinha, mas fui roubado há dois meses" - "Deixa eu olhar essa mochila aí, o que tem aí na frente? Se eu achar um celular, eu estouro seus miolos!"
O garoto abre a parte da frente da mochila e mostra para o bandido que a única coisa que tem ali é seu estojo e uns papéis. "Só papel? Tá, tá bom, não precisa mostrar não! Faz o seguinte, vira de costas e anda até o ponto, devagar. Finge que nada aconteceu e não fala com ninguém. Meu amigo vai ficar aqui vigiando, se ver que vc falou com alguém, eu nem preciso dizer o que ele vai fazer, né?"
O estudante agora estava transparente. Conhece o real sentido da expressão "trair alguém pelas costas"? Como aquelas cenas de cinema e novela, quando, confiando (ou tentando confiar) no bandido, vc se vira e caminha, e quando menos espera, leva vários tiros nas costas. Só isso passava pela cabeça do garoto naquele momento. Ele continuou andando, quase de olhos fechados. Chegou ao ponto de ônibus, rezando para o ônibus passar logo. Ele poderia pegar qualquer um, para sair logo dali, se não estivesse com o dinheiro para apenas uma passagem, já que o assaltante "limpou sua carteira". Pouco mais de 5 minutos depois (ele havia perdido a noção de tempo), seu ônibus passa. Ainda tremendo, o garoto entra no ônibus, se senta em um dos últimos bancos e volta (muito nervoso) para casa. No caminho, reza e agradece a Deus por estar vivo.
Realmente não dá para confiar nas pessoas. Em plena quinta-feira santa, um estudante ser rendido por dois caras armados. Detalhe: um garoto que quase não tem dinheiro, e que aquela pouca quantia de sua carteira ia lhe fazer muita falta. Pois além de ser parte da quantia para comprar um presente para o aniversário de sua prima, ainda ia ajudar o garoto a ir a uma pizzaria, num reencontro com seus amigos e uma galera que ele não vê há mais de 2 anos. Mas essa não é a questão. Nesse mundo, falta respeito. Garanto se se houvesse respeito ao próximo, essas coisas não aconteceriam. Um garoto que não tem culpa de nada, não seria ameaçado de morte mais de 5 vezes num dia.
O garoto chegou muito nervoso em casa e sentindo em seu peito, por dois dias, como se tivesse levado uma "pontada". Ficou com muita falta de ar, mas agora está bem. Mas o trauma ficou. Se pudesse ficar em casa por dias, e principalmente sem voltar ao local, ele faria. Mas ele sabe que não pode. Não tem escolha. Tem que enfrentar o medo e o risco de passar pelo mesmo local todo dia e até encontrar quem ele nunca mais espera encontrar. Essa história foi bem resumida. O episódio com esse tal garoto durou por volta de 20 minutos, e algumas partes do diálogo, ainda piores, foram cortadas. O nome do garoto, do local onde mora e do local onde foi assaltado, por questão de segurança, não serão revelados.
domingo, 4 de abril de 2010
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3 comentários:
mto ódio desses fdp ¬¬
lendo a história, a cena se passava pela minha cabaça..ahhhhh, q horror =\
mas ainda BEM q o menino ta BEM.\o/
Que show!!! Adorei seu blog!
É por causa desses fdps que o Brasil não vai pra frente... Deles e das enchentes desse nosso Brasil varonil! uhahuauha!
Mas graças a Deus que o menino tá bem, né?
Amo tu! s2
;******
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