Terça-feira: Ira
Passei a noite em claro. Acordei com uma puta dor de cabeça. Como aquele desgraçado pôde ficar com o meu lugar? A vaga era minha!!! Fui para a agência. Fazer o quê? Eu tinha que trabalhar. Na semana anterior, tinha recebido uma proposta de emprego na maior concorrente da agência onde eu trabalho. Prometi pensar no assunto. Minha dor de cabeça não me deixava pensar em nada. Estava puto. Ao chegar na agência ouvi cochichos. Odeio isso. Tentei me controlar pra não fazer merda. Mas era impossível. Com a idéia de ter sido promovido, acabei indo sem querer pra sala que eu estaria. Sala que agora pertencia ao filho-da-puta do Gomes. Tive que aturar os comentários daquele merda. Senti que a qualquer momento poderia explodir toda minha ira naquele desgraçado. A voz daquele fodido ecoava de forma exterminadora em meu cérebro. Minha mente inchava em fúria. A raiva era extrema. Não agüentei. Num golpe certeiro, derrubei aquele viado no chão e virei a mesa do escritório. Não tinha como não fazer barulho. O sangue de Gomes corria pela sala. não fora forte o suficiente para matá-lo. Ainda bem, pois senão eu estaria fodido. O meu chefe chegou na hora, se mostrando com mais raiva do que eu. Pensando bem, queria que os dois estivessem mortos. Queria decepar cada dedo daqueles vermes e expô-los num museu. Cortá-los em pedaços e fazer fogueira com seus restos. Que porra é essa? Que pensamentos são esses? Esse não era eu. Nos olhos de meu chefe deu pra perceber que a demissão estava chegando. Não esperei que ele dissesse. Cuspi na cara daquele velho safado e mandei um "Vai tomar no cu". Em seguida, pra tirar onda, fechei com "Eu me demito". Fui pra casa, antes que eu ateasse fogo na agência.
(Postado originalmente no dia 13 de Maio de 2008, no Blog SIGMA)
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